Jovens relatam dificuldade em ser religioso nos tempos modernos

"Às vezes é uma caminhada solitária. Chego a ficar triste, mas a paixão por aquilo que faço é tão grande que continuo sempre. Aí a gente chega em um evento destes, encontra tantos, de diferentes culturas, que vivem uma situação parecida e compensa tudo". Assim que o jovem natalense Kenisson Dantas, 20 anos, descreve a sua experiência ao participar do 10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ) que está sendo realizado em Maringá.

Dantas, estudante de física, contou que apesar do estranhamento de alguns conhecidos por seguir preceitos da fé católica, não deixa de fazer nada que tem vontade. "Eu vou para festas, saio com meus amigos. A única diferença é que tenho moderação em tudo que faço. Por exemplo, não bebo, por opção minha. Uma das maiores dificuldades que enfrentamos é o preconceito, muitas vezes os outros não nos entendem, mas isto não vai me fazer desistir".

Fernanda Souza, 19, veio de Manaus, no Amazonas, também para trocar experiências que extrapolam o âmbito religioso, as diferenças culturais. Fernanda, que estuda química na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), só havia viajado dentro de seu Estado e do vizinho, o Pará.
"Estou impressionada. São muitas diferenças. Lá tem rio, tem mata, o calor é diferente, o Sol se põe em outro horário", explicou. Para ela, que levou toda a família para igreja após iniciar a pastoral em sua comunidade com 15 anos, um dos maiores choques foi entrar para a universidade."As pessoas reagem de três maneiras quando sabem que eu sou uma pessoa religiosa: ou simplesmente acham que é tudo besteira, ou respeitam de longe, ou ficam curiosas e se aproximam da igreja"

Assim como Dantas, Fernanda diz que muitas vezes se sente nadando contra a maré. "A minha comunidade é de periferia. Drogas e prostituição fazem parte da nossa realidade, então tentamos desenvolver projetos para ajudar estas pessoas. Mostrar que o jovem ainda pode sonhar. Eu sei que é difícil. Acompanhamos o caso de um colega que morreu por causa de drogas, nestes momentos bate uma tristeza, mas é melhor enfrentarmos o problema juntos".